"Com um punhado de areia
eu mostrarei o terror a vocês..."
Com estas palavras foi iniciada uma das mais premiadas séries em quadrinhos já escrita: Sandman, O Mestre dos Sonhos.
Sandman surgiu em 1988 quando Neil Gaiman foi convidado a escrever uma história em quadrinhos para o selo Vertigo, da DC Comics. A idéia ganhou tamanha força que fez de seu autor um gênio neste estilo de quadrinhos e fez de sua obra uma lenda.
Em Sandman, Neil Gaiman nos apresenta a um mundo único, áspero, voraz e ao mesmo tempo suave, calmo e semelhante ao nosso. Este mundo chama-se "O Sonhar" e Sandman, personagem que da título a série é seu imperador, reinando soberano através dos séculos.
Engana-se quem pensa que este é mais um quadrinho como outro qualquer. Não, não é. Sandman traz uma mistura genial de mitos e lendas onde podemos encontrar escritos sobre Lúcifer e o inferno, Cain e Abel, Thor, Loki, Odin e tantos outros personagens. Fato reais com trechos da vida e obra de personagens como Shakespeare são comuns.
O Sonhar, como falei é um reino semelhante ao nosso, que é habitado por 7 Perpétuos, seres antropomórficos, ou seja, que possuem tanto forma divina quando humana. São eles: Morte, Destino, Destruição, Sonho (Sandman), Delírio, Desespero e Desejo. Os perpétuos não são deuses, mas encontram-se em uma esfera superior a eles e juntos governam tudo que existe e o que há por existir. De sua sobrevivência depende todo o universo.
Eu conheci Sandman já há bastante tempo e fui surpreendido pela qualidade e pelos ensinamentos que suas histórias trazem. Relatos pontilhados por um alto grau de sabedoria que tornam além de uma leitura prazeirosa uma ótima fonte de conhecimento.
Meus personagens favoritos são Sandman e Morte.
Você pode encontrar Sandman nas melhores livrarias do Brasil e do exterior. Pode encontrá-los ainda em casas especializadas em HQ's.
Para terminar, deixo dois diálogos que eu amo e que fazem parte de Prelúdios e Noturnos, o primeiro exemplar de Sandman.
O primeiro é um diálogo entre Morte e Sandman, sobre a existência de cada um:
"(...)Quando a primeira coisa viva existiu, eu estava lá esperando... Quando a última coisa viva morrer, meu trabalho estará terminado... Então, eu colocarei as cadeiras sobre as mesas, apagarei as luzes, e fecharei as portas do universo, enquanto o deixo para trás..." {Diálogo de Morte com Sandman}
O segundo é parte de uma das histórias de "Prelúdios e Noturnos", em que Sandman após ter sido aprisionado por um mago por 70 anos em uma redoma de vidro consegue se libertar e volta para "O Sonhar", ao retornar ele encontra seu mundo destruído e decadente. Então empenha-se em uma cruzada para recuperar ítens que poderiam estabilizar novamente seu reino. Um destes ítens é um elmo que foi roubado por um poderoso demônio chamado Choronzon. Ao adentrar no reino de Lucifer, Sandman é colocado frente a frente com Choronzon em uma épica batalha onde as armas são somente as palávras. O diálogo que posto para vocês é a parte final desta batalha.
"(...)Choronzon: Sou um lobo assassino, devorando sua presa!
Sandman: Sou um caçador de lobos, montado a cavalo.
Choronzon: Sou uma mosca que pica o cavalo e derruba o caçador.
Sandman: Sou uma aranha devoradora de moscas.
Choronzon: Sou uma cobra comedora de aranhas.
Sandman: Sou um boi esmagador de cobras.
Choronzon: Sou uma bactéria, uma bactéria destruidora de vidas.
Sandman: Sou um mundo no espaço, nutrindo a vida.
Choronzon: Sou uma Nova explodindo... Cremando planetas.
Sandman: Sou o Universo... Abraçando todas as coisas, toda a vida.
Choronzon: Eu sou a anti-vida, a Besta do Julgamento. Eu sou a Escuridão no fim de tudo. O fim dos universos, Deuses, Mundos... de TUDO! E você senhor dos sonhos quem é?
Sandman: Eu sou a esperança". {Sandman, em Prelúdios e Noturnos}
PS. Ficarei ausente do blog até Segunda-feira dia 23/11, pois viajarei.
Até a volta!
4 comentários:
Adorei esse post, procurei pela versão e-comic, li a primeira edição e não consigo mais parar de ler, realmente éh uma HQ exepicional ! Muito obrigado por compartilhar conosco tamanha jóia, Morra. ;D
O moderador que ler esse comentario, não precisa aceita-lo. Éh apenas um detalhe, que achei estranho e gostaria d avisar. Pesqueisei sobre Sandman, a HQ, e pelo oq entendo, foi originalmente publicada em 1988, e não 1998, como diz o post... talvez se o Morra pudec editar isso, pq fikei mt confuso procurando por quadrinhos do Sandman de 1998 e nao achava... vlw o/
Irei editar sim!
Fico feliz por ter gostado, devo ter errado na hora de digitar, mea culpa.
O texto está muito bem escrito, porém contém alguns "erros" que podem ser facilmente corrigidos:
O primeiro é que os Perpétuos não moram no Sonhar, sendo este o reino de Morpheus e somente dele. Cada Perpétuo tem seu próprio reino.
O segundo é que eles não são antropomórficos, prova disso é que Morpheus sempre aparece de acordo com a criatura que o vê. Em "Sonho de Mil Gatos", Morpheus aparece como um gato.
A razão de os Perpétuos se parecerem com os humanos é que nós só percebemos a faceta que compreendemos. Por isso se parecem conosco.
O mais correto seria dizer que eles são personificações de conceitos abstratos.
Uma coisa que também deve ser salientada é que, ao contrário do que se imagina no início da série, a existência de todas as coisas não depende da existência deles, mas sim o contrário. As criaturas/coisas/mundos criam os Perpétuos.
Essa "mecânica" de criação de entidades é constante nas obras de Neil Gaiman. Como visto em Deuses Americanos
No mais, parabéns pelo texto.
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